Os Três Porquinhos.
Era uma vez três porquinhos. Cícero, Heitor e Prático. Um dia
decidiram construir três casas. Cada um ia fazer a sua, para esconder-se do
lobo, que era muito mau e gostava de comer porquinhos. Cícero encontrou logo
tudo que precisava:
- Eis aqui uma porção de bambus, cola e barbante. Com isto, vou
construir uma casa muito boa!
Heitor logo falou:
- Um sopro do lobo chega para derrubar sua casa.
- Nada disso! Você está brincando? Minha casa vai ser muito
forte!
E num instante o porquinho Cícero estava com a casa pronta. Todo
contente pôs-se a cantar:
"A minha casa eu fiz, sozinho e terminei, pra morar
nela feliz, feliz tal qual um rei!"
Os outros dois porquinhos continuaram caminhando pela estrada.
Pretendiam fazer casas melhores que a do Cícero, por isso procuravam material
mais forte que bambu.
Logo adiante Heitor falou:
- Ei, irmãozinho! Por que não paramos aqui? Veja que tábuas
ótimas! O lobo não poderá derrubar uma casa feita com elas.
- Ora, com dois sopros o lobo derruba uma casa de tábuas! -
respondeu Prático. - Mas se você quer, fique aqui para construí-la. Eu vou
procurar coisa melhor.
- Vou fazer uma casa à prova de lobo, você vai ver! - disse
Heitor que já estava cansado de tanto andar e achou melhor começar o trabalho.
Não levou mais que um dia para fazer a casa.
Quando estava pronta ele cantou:
"A minha casa eu fiz, sozinho e terminei, pra morar
nela feliz, mais feliz do que um rei!"
Prático não tinha preguiça. Trabalhou quatro dias sem parar,
para construir sua casinha. Mas, quando terminou o serviço, a casa era sólida,
feita de tijolos e cimento. Tinha até janela, porta com cadeado e lareira com
chaminé!
Os três irmãos ficaram morando cada um na sua casinha.
Um dia o lobo passou ali por perto e sentiu cheiro de porquinho,
que era sua comida predileta.
- Hum! Que cheiro bom de porquinho! Até me dá água na boca! Vem
daquela casinha de bambu... Vou dar uma olhada.
- O lobo! - gritou Cícero
assustado, ao vê-lo.
Oh, um porquinho! - exclamou o lobo lambendo os beiços. - Que
está fazendo aí dentro de casa? Venha dar um passeio comigo!
- Eu não! - respondeu o porquinho. - Você está querendo me
comer.
Não vou nessa conversa. Não sou nenhum bobo.
- Se não vai por bem, vai por mal - ameaçou o lobo. - Vou soprar
sua casinha e com um único sopro ela voará pelos ares!
- Isso é o que você pensa! - respondeu o porquinho. - Minha casa
é muito forte!
- Depois não diga que não avisei - continuou o lobo.
- Lá vai: um . . . dois . . . três!
O lobo soprou e com o primeiro bufo já derrubou a casinha. Os
bambus voaram pelos ares e Cícero saiu voando também.
Que aperto! Com o lobo nos calcanhares, Cícero tratou de correr
para a casa de Heitor, gritando:
- Depressa, abra a porta! O lobo está atras de mim!
- Entre, entre! - disse Heitor. - Aqui estaremos a salvo.
Ao chegar perto da casa de Heitor, o lobo fingiu de bonzinho e
falou:
- Estou triste e sozinho, deixem-me entrar!
Os porquinhos responderam:
- Não somos bobos! Você quer nos comer. Não vamos abrir a porta
nunca.
- Não? Pois já lhes mostro o que vai acontecer - respondeu o
lobo.
- Prestem atenção: um . . . dois . . . três . . .!
o lobo soprou e no segundo bufo já a casa de tábuas estava
voando pelos ares. Mais que depressa os dois porquinhos se agarraram ao
madeirame do telhado. Cícero e Heitor voaram junto com a casa.
A sorte dos dois foi que caíram perto da casa de Prático. Assim
que se viram no chão, trataram de correr para lá em disparada.
- Depressa, Prático, abra a porta! O lobo, com dois bufos,
mandou minha casa de tábuas pelos ares!
Cícero falou também:
- Depressa, Prático, abra a porta! O lobo, com um bufo,
desmanchou minha casinha de bambu!
O Prático abriu a porta e os dois entraram correndo.
Eu bem que avisei, disse Prático. - Suas casinhas eram muito
fracas para resistir ao lobo. Eu trabalhei bastante, mas minha casa de tijolo e
cimento é forte. Nem com dez bufos o lobo consegue derrubá-la.
- Vamos trancar a porta com o cadeado! - disse o Gorducho.
- E vamos fechar as janelas, depressa!
O lobo já ia chegando. Descera a colina correndo tanto que
estava sem fôlego. Parou diante da casa de Prático e ficou admirado de ver como
o porquinho tinha conseguido fazer uma casa tão sólida.
- Não vai ser fácil derrubá-la, ainda mais que estou cansado de
tanto correr . . . Acho melhor arranjar um jeito de enganar esses três
bobinhos.
- Porquinhos, deixem-me entrar, só quero
cumprimentar!
- Lobo velho disfarçado, você gosta de assado. Não
insista vai embora, estamos dentro, você fora.
- Ora, deixem de conversa! Vocês vão ou não abrir
essa porta?
- De jeito nenhum, desista!
- Estou perdendo a paciência porquinhos!
- Azar o seu! Não temos nada com isso!
O lobo furioso:
Que falta de respeito! Afinal, sou mais velho que vocês e além
disso, sou lobo e vocês são porquinhos! Vocês tem que me obedecer! Pela última
vez, abram essa porta!
- Não, não e não!
Então lá vai:
- Um . . . dois . . . três . . .
O lobo soprou com toda força que tinha. Estava com tanta raiva,
que seu sopro foi ainda mais forte. Mas a casa de tijolos, nem se abalou.
O lobo soprou de novo e tornou a soprar . . . Cada vez ficava
com mais raiva e soprava mais forte. Mas não adiantava nada: a casa não caía.
- Não falei que minha casa era sólida? Pode bufar quanto quiser
. . . a casa vai resistir até você não aguentar mais!
O lobo viu que o porquinho tinha razão. Já estava completamente
sem folego e a casa não caía. Tratou então de passar a conversa nos três:
- Porquinhos, sabem o que eu encontrei? Aqui bem perto há uma
macieira carregada. Que tal se dividirmos as maçãs?
- Ótimo! Aceitamos!
- Pois bem. - Vamos marcar um encontro, amanhã pela manhã.
- Combinado - disseram os três porquinhos.
Na manhã seguinte, o lobo chegou à macieira e não viu os
porquinhos. Daí a pouco uma voz chamou:
- Lobo mau, estamos aqui em cima da macieira!
- Desçam já daí - gritou o lobo.
- Por que? Estamos comendo nossa parte das maçãs - responderam
os três.
- Ajudem-me a subir na árvore! - pediu o lobo.
- Não precisa subir - respondeu Prático. - Vou atirar-lhe uma
maçã, toma!
- Hum, é uma bela maçã! Vou pegá-la. Caiu aqui no meio do capim
. . . Não consigo encontrá-la . . . Onde estará?
A maçã fique comendo para matar sua fome. Vamos pra
casa correndo pois senão você nos come.
Viva o rei da esperteza, viva o nosso grande lobo.
Ganhou hoje, com certeza, o premio de maior bobo!
Que significa isso? - perguntou o lobo zangado. - Ah, seus
malandros! Estão se fechando dentro de casa!
O lobo distraído, a procura da maçã, não vira os três porquinhos
descerem da árvore e correrem a trancar-se na casa de tijolos.
O lobo arranjou uma escada bem alta e encostou à casa.
Devagarinho, tratou de subir sem fazer barulho.
- Agora não me escapam! - pensava ele. - Vou entrar pela chaminé
. . . e cairei bem no meio deles! Os três bobinhos nem perceberão de onde eu
vim!
Mas os três porquinhos, fechados dentro da casa, estavam
alertas.
Vendo as patas do lobo pela janela, Cícero avisou:
- Irmãos o lobo vai entrar pela chaminé
- Vamos fugir! - disse Heitor.
Deixe que ele venha! - falou Prático.
- Vai cair no fogo e se queimar todo! - respondeu o Gordinho.
O lobo, no entanto, ia pensando:
- Basta escorregar pela chaminé . . . sem barulho . . .
E desceu, sem imaginar o que o esperava.
- Socorro! Minha cauda está queimando! Socorro! Água! Socorro!
Com fogo o lobo corremos, dando-lhe boa lição e rindo agora o
vemos sumir como um rojão!
Grande é a nossa felicidade, uma festa se fará. O bem venceu a
maldade, o lobo não voltará!
O lobo com a cauda toda queimada, saiu aos pulos, urrando de
medo e susto, enquanto os três porquinhos riam às gargalhadas.
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Ele nunca mais voltou ali. Os três irmãozinhos se puseram a
trabalhar e construíram uma casa grande e bonita, de tijolo e cimento, para os
três morarem juntos. Ficou muito boa, forte e resistente: era uma casa à prova
de lobo.
E assim termina a história dos três porquinhos sabidos. Mas
fique em nossa memória que os dois distraídos, com os perigos passados, ficaram
mais ajuizados . . .
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